Ao longo dos anos, a indústria automobilística aperfeiçoou os motores em busca de cada vez mais potência e eficiência. No entanto, os motores estão limitados a vários fatores que restringem a potência que são capazes de alcançar. Desde cedo, sabe-se que quanto maior o deslocamento que um motor é capaz de realizar, maior será sua potência.
Afinal de contas, o que é deslocamento?
Durante seu funcionamento, os motores à combustão realizam milhares de ciclos por minuto, que é conhecido como rotação. A cada rotação, o motor aspira uma determinada quantidade de ar, sendo isso o deslocamento que ele é capaz de realizar.
No caso de motores 1.0, sua capacidade de deslocamento equivale a um litro de ar quando realizam o ciclo completo de queima. Por esse motivo, quanto maior o deslocamento, também conhecido como litragem, maior será a potência do carro. Bólidos 2.0 deslocam o dobro de ar dos populares 1.0 e por isso produzem por volta do dobro da potência e assim por diante. O recordista histórico é o carro de corrida Napier-Railton, o qual era equipado com um motor aeronáutico de 23,9 litros que empurrava a caranga para mais de 240 km/h, isso em 1933!
Os carros populares são equipados com motores que contam com três ou quatro cilindros. Para superar a barreira do deslocamento, maiores motores foram projetados, sendo o V8 o mais famoso de todos, o qual dominou o mercado mundial, principalmente o norte-americano, por décadas. V8 significa 8 cilindros, o dobro dos populares, que são dispostos na posição em V. Com mais cilindros, o motor é capaz de deslocar mais ar, construir mais potência, mas consumir mais combustível. É aqui que começa a saga do movimento downsizing.
Downsizing
Downsizing é uma palavra originada do inglês e que significa diminuição de tamanho. Ela reflete uma tendência mundial para enfrentar o cenário instável do petróleo e também uma maneira de diminuir o impacto ambiental proveniente da queima de combustíveis fósseis.
No entanto, a técnica donwsizing não se limita apenas à diminuição dos motores, mas sim embarcar cada vez mais tecnologia para aumentar seu rendimento. Assim, motores cada vez menores e construídos com materiais mais leves como alumínio começaram a predominar nos atuais modelos, estabelecendo três cilindros como padrão.
Desempenho do downsizing
Em relação ao desempenho, o downsizing consegue fazer frente mesmo a motores com o dobro do seu tamanho graças à tecnologia tirada das pistas de corrida.
Largamente aplicado em veículos de competição, o turbocompressor é uma peça acoplada ao escapamento do veículo. Sua função é utilizar os gases emitidos durante a queima para girar uma turbina, a qual capta ar atmosférico e empurra de maneira forçada para dentro do motor, aumentando artificialmente a aspiração do carro. Assim, um motor 1.0 que seja equipado com essa peça pode facilmente aspirar o equivalente a um motor 2.0 e assim produzir uma potência aproximada. A vantagem deste equipamento é que ele só é ativado após uma determinada faixa de rotação, que varia de modelo para modelo. Assim, em uso urbano, cenário em que não demanda muita aceleração, a turbina não pressiona ar, mas em outras situações como ultrapassagens em que o condutor precisa de mais performance, o turbocompressor aumenta consideravelmente a potência.
Outra inovação também inspirada nas pistas é a injeção direta. Diferentemente das convencionais, esta evolução da injeção eletrônica pulveriza a mistura de ar/combustível diretamente dentro do cilindro do carro, cortando a dependência de peças que façam essa intermediação. Assim, há menos perda da mistura e mais precisão do sistema, aumentando a eficiência do veículo, melhorando a potência e reduzindo o consumo.
Exemplos de downsizing:
Jetta – o modelo já chegou a ser equipado com um motor 2.5 no passado. No entanto, com a evolução da tecnologia, agora o bólido é 1.4 turbo, alcançando 150 cavalos.
Onix – aproveitando o melhor dos dois mundos, o Onix une a economia e potência de seu motor 1.0 turbinado, rendendo 116 cavalos.
HB20 TGDI – na onda dos três cilindros 1.0, a Hyunday apimenta o compacto com turbocompressor, fazendo-o atingir 120 cavalos.
Pulse – não fugindo à regra dos modelos anteriores, a montadora italiana conseguiu atingir 130 cavalos graças à turbina acoplada ao motor 1.0 de três cilindros.