Os problemas do petróleo

O petróleo é um óleo formado pela decomposição de matéria orgânica, principalmente  algas, que se formou entre 252 a 66 milhões de anos (BBC, 2023). Soterrado por eventos geológicos, encontra-se há quilômetros de profundidade na crosta terrestre. Até onde se sabe, o Oriente Médio é a região do globo que mais concentra reservas de petróleo, chamadas jazidas, e por vezes foi palco de guerras por conta desse recurso, como aponta o anuário estatístico do Governo Federal (2024).

Registros históricos apontam que o petróleo era usado pelos mesopotâmicos a mais de 6 mil anos para pavimentação de ruas, como esclarecido pela Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada (CEPA) da Universidade de São Paulo. Sua importância ganhou relevância no período pós Revolução Industrial, pois seus subprodutos como gasolina, querosene e gás são combustíveis eficientes para motores de combustão interna, os quais foram e são extensivamente utilizados, principalmente no setor de transportes.

Ilustração nossa de mesopotâmicos usando petróleo

O crescente consumo de combustível tornou o petróleo valorizado e ao longo do tempo intimamente ligado à economia das nações no mundo todo. Compreender como o valor do petróleo dita a economia mundial realça o seu papel de protagonista.

Crise do petróleo

Filas de carros aguardando abastecimento durante a crise

A Crise do Petróleo foi um evento que impactou diretamente o preço do barril. A escalada de valorização do recurso causou falta de abastecimento em postos e o encarecimento sem precedentes de combustíveis no mundo todo. Longas filas se formavam e assim ficavam por horas a fio, todos os dias, aguardando o abastecimento do próprio posto. Outra parcela da população abandonava seus V8s, pois o alto consumo impossibilitava seu uso (O GLOBO, 2016).

Mísseis soviéticos mísseis equipavam as forças sírias e egípcias

Em 1973, estourava a Guerra do Yom Kippur que foi um ataque a Israel feito pela Síria e Egito. A história do conflito é extremamente profunda e não pode ser simplificada neste parágrafo. Foram 18 dias de intensas batalhas que resultaram em mortes de todos os lados (G1, 2023). Os Estados Unidos, sob o governo de Richard M. Nixon, decidiram apoiar Israel com o fornecimento de armas. Liderados pela Arábia Saudita, com governança do rei Faisal Bin Abdulaziz, as nações exportadoras de petróleo impuseram embargos contra os Estados Unidos e outros países vistos como apoiadores de Israel, como Estados Unidos, Canadá, Holanda, Reino Unido, Japão, África do Sul e Portugal, dando, assim, início à Crise do Petróleo (BBC, 2021).

Foi a maneira encontrada pelo oriente a forçar a reconsideração do posicionamento político em relação ao conflito e concedeu maior poder aos países exportadores do óleo que movimenta o mundo. Nessa época, em apenas um mês, o barril saltou de 3 para 12 dólares em um único mês provocado pela alta demanda e baixa oferta (G1, 2020).

A década de 1970 foi marcada por uma lenta e sofrível adaptação das nações embargadas à nova dinâmica e a ascensão de potências como Irã, Venezuela, Nigéria e Líbia se beneficiaram pelo aumento no custo da comodity e suas consequentes exportações fortalecidas (ESTADÃO, 2022).

Petrodólar

O termo petrodólar resume a dinâmica de comércio do petróleo entre quem compra o óleo (em dólares) e quem o vende. Criado pelo professor de economia na Universidade Georgetown em 1973, procurava explicar não apenas a crise da época, mas o acordo entre o governo Nixon e a Arábia Saudita, como explicado pelo site Brasil Escola.

Após o fim da Segunda Guerra Mundial, o Sistema Bretton Woods foi firmado como uma tentativa de estabilizar a economia global. O dólar norte-americano foi escolhido como moeda referência, atrelando seu valor ao ouro como uma tentativa de estabilizar a inflação, ideia proposta principalmente por John Maynard Keynes, representando o Reino Unido, e Harry Dexter White, representando os Estados Unidos, durante a Conferência de Bretton Woods, em 1944 (POLITIZE!, 2021).

Em 1971, o então presidente norte-americano Richard Nixon encerrou este padrão, motivado, principalmente, pelo alto endividamento norte-americano causado pela Guerra do Vietnã, levando à desvalorização da moeda. Visando mantê-la valorizada, em 1974 o secretário de Estado Henry Kissinger conseguiu um acordo com a Arábia Saudita que concordou em vender seu petróleo exclusivamente em dólar e investir suas receitas no Tesouro dos Estados Unidos. O acordo foi seguido por outras nações exportadoras de petróleo. A ideia era manter a procura pelo dólar, estimulando sua valorização, além de manter os recursos de outros países investidos nos cofres norte-americanos, como explicado em uma publicação do site InfoEscola.

A demanda cada vez maior pelo petróleo somado à diminuição constante das reservas mundiais são os elementos fundamentais para manter a valorização do petrodólar a longo prazo. Como a compra só poderia ser realizada em dólar, a busca pela moeda e aumento das reservas internacionais dos outros países também é um fator direto para a valorização da moeda.

Quais os principais problemas do petróleo?

Termelétrica movida a combustível fóssil

Atualmente, cerca de 35% de toda a energia elétrica da Europa é gerada por usinas termelétricas que queimam petróleo e 24% que queimam gás, ficando a terceira fatia de usinas encarregadas de queimar carvão ou lenhite, gerando 13%. No Estados Unidos, o cenário não difere muito, sendo 43% gerado pela queima de gás natural, um subproduto do petróleo. Dados do European Enviromenty Agency (Agência Europeia do Ambiente).

Com essas informações, fica notório que o petróleo está entre as comodities mais buscadas no mundo já que é essencial para o fornecimento de energia, seja para a rede elétrica de uma nação ou para seu setor de transporte.

No entanto, a queima em larga escala lança, em média anual, 37 bilhões de toneladas de CO2 na atmosfera em 2023, gás responsável pelo efeito estufa e causador de graves problemas ambientais como aumento da temperatura do planeta, elevação e acidificação do mar e morte da biodiversidade como as principais. Em 2024, essa média deve bater recorde, alcançando 37,4 bilhões de toneladas conforme apontado pelo estudo do Global Carbon Project (Projeto Carbono Global).

Por isso, cada vez mais se discute a economia verde que é a ideia de conciliar a indústria global com menor impacto ecológico. Assim, o papel do petróleo na poluição é pauta constante de conferências internacionais, como a Conferência Rio+10 e Rio+20 que ocorreram no Brasil. Durante a Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP24), carros elétricos foram um dos temas centrais. Segundo a ONU, o setor de transporte é responsável por 25% das emissões.

Nesse cenário, esses automóveis são pautados como substitutos dos veículos a combustão, mas não resolvem o problema totalmente já que quando espetados nas tomadas para recarga na maior parte do globo, estão poluindo já que as tomadas, por sua vez, são abastecidas com combustíveis fósseis.

Hidrelétricas são as fontes mais viáveis no Brasil, país que conta com riqueza fluvial, mas não é a realidade do restante do mundo. A Europa, por exemplo, não conta com esse recurso em abundância e a China, apesar da monstruosa represa das Três Gargantas, não é capaz de abastecer seu complexo industrial somente com água.

Por mais que as nações queiram diminuir sua dependência ao petróleo com alternativas, não há uma previsão de curto prazo para que isso aconteça. O conflito entre Rússia e Ucrânia demonstrou que a dependência de combustíveis fósseis provenientes do petróleo concentrado em poucas nações produtoras. A explosão dos gasodutos submarinos Nord Stream 1 e 2 desestabilizou a indústria de energia alemã já que o primeiro chegou a fornecer 40% do gás consumido pela União Europeia, enquanto que o segundo ainda não havia entrado em operação (DW, 2022).

Vazamento de gás após a explosão do Nord Stream 1

No entanto, um caso chamou a atenção do mundo antes da explosão. Uma das turbinas responsáveis por empurrar o gás passava por manutenções no Canadá e, em meio ao conflito, os canadenses decidiram não devolver o equipamento como forma de embargo. Depois, tanto Alemanha quanto a Rússia instaram ao Canadá reconsiderar sua posição, o qual devolveu a turbina por fim. O fato abriu ampla discussão sobre como o gás estava sendo usado como uma arma por Moscou (DW, 2022).

Tanto o petróleo em sua forma bruta como seus subprodutos influenciam a geopolítica e geoeconomia, vivamente demonstrado nos casos petrodólar e explosões dos gasodutos russos, além de inúmeras disputas. Outros eventos como a Guerra do Golfo, que foi a invasão do Kuait pelo Iraque e a consequente resposta dos Estados Unidos ao liderar uma coalisão de mais de trinta nações para expulsar as tropas iraquianas do Kuait, conflito que foi motivado, principalmente, por petróleo.

A dificuldade de substituir o petróleo é uma barreira tecnológica. As usinas nucleares são as candidatas mais fortes já que são capazes de gerar uma quantidade gigantesca de energia sem poluir, gerando pouco resíduo nuclear que pode ser armazenado com segurança (BBC, 2022). No entanto, o caso de Chernobyl, explosão da usina soviética em 1986, ainda é um trauma do setor de energia e o medo de tais instalações impede seu avanço. Assim, o petróleo continua sua hegemonia como fonte de energia mundial.

A dificuldade de substituir o petróleo é uma barreira tecnológica. As usinas nucleares são as candidatas mais fortes já que são capazes de gerar uma quantidade gigantesca de energia sem poluir, gerando pouco resíduo nuclear que pode ser armazenado com segurança. No entanto, o caso de Chernobyl, explosão da usina soviética em 1986, ainda é um trauma do setor de energia e o medo de tais instalações impede seu avanço. Assim, o petróleo continua sua hegemonia como fonte de energia mundial.

Vazamento

Retirar o petróleo do subsolo exige engenharia e tecnologia extremamente especializados. No entanto, mesmo com todos os cuidados, casos de grandes vazamentos não são raros, apesar de muito mais controlados atualmente. Em 1979, cerca de 3 milhões de barris vazaram para o oceano da plataforma Ixtoc I causado por uma explosão e colapso de um poço em águas rasas no Golfo do México. Em 1991, um novo vazamento de grandes proporções no Golfo Pérsico que despejou entre 6 a 8 milhões de barris. Esse caso aconteceu durante a Guerra do Golfo, quando tropas Iraquianas invadiram Kuwait. Propositalmente, abriram válvulas para despejar o petróleo Kuwaitiano no oceano como tática de guerra, além da destruição de instalações petrolíferas.

Deepwater Horizon – um desastre mundial

Deepwater Horizon à esquerda e a mesma plataforma à direita em pleno incêndio

O pior desastre ambiental aconteceu em 2010 no Golfo do México. O evento liberou cerca de 5 milhões de barris diretamente no fundo do oceano, o que foi devastador para o meio ambiente. Ao menos 150 baleias e golfinhos morreram, 75% dos golfinhos-nariz-de-garrafa apresentaram problemas de saúde. Milhões de peixes morreram, causando desiquilíbrio na cadeia alimentar e morte de metade dos corais próximos ao evento. Fotos de aves cobertas por petróleo rodaram o mundo por meio dos jornais, animais que totalizaram cerca de 1 milhão de mortes. Dados do Governo Mexicano e Marinha do Brasil.

A plataforma Deepwater Horizon era operada pela Transocean e British Petroleum, ambas multadas em bilhões de dólares após o evento. O que causou o dano foi uma falha no Blowout Preventer, equipamento que é responsável por evitar vazamento de petróleo para a água durante a perfuração. Basicamente, ele atua como um portão que quando detecta um vazamento, fecha o poço. No entanto, uma pressão inesperada de petróleo e gás superou as capacidades operacionais da máquina. Além disso, um relatório apontou que o equipamento não passou pela manutenção e testes adequados e que falhas potenciais já existiam e responderam judicialmente por isso. O impacto no bioma e economia como turismo, pescadores industriais e indústria pesqueira foi inestimável. Informações retiradas de um artigo publicado pela Scielo.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1 – HISTÓRIA – PETRÓLEO. Disponível em: http://cepa.if.usp.br/energia/energia1999/Grupo1A/historia.html. Acesso em: 22 nov. 2024.

BARRIL DE PETRÓLEO MAIS BARATO PODE SIGNIFICAR PREJUÍZO PARA A PETROBRAS. Disponível em: https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2020/03/12/barril-de-petroleo-mais-barato-pode-significar-prejuizo-para-a-petrobras.ghtml. Acesso em: 23 nov. 2024.

COMO GUERRA CONTRA ISRAEL HÁ 50 ANOS FEZ PAÍSES ÁRABES DESENVOLVEREM ‘ARMA DO PETRÓLEO’. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/articles/clje1p1p63wo. Acesso em: 24 nov. 2024.

EMISSÕES DE CO2 POR COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS ALCANÇAM RECORDE SEM LIMITE À VISTA, INDICA ESTUDO. Disponível em: https://g1.globo.com/meio-ambiente/noticia/2024/11/12/emissoes-de-co2-por-combustiveis-fosseis-alcancam-recorde-sem-limite-a-vista-indica-estudo.ghtml. Acesso em: 25 nov. 2024.

ESTATAL RUSSA REDUZ EM 40% ENVIO DE GÁS PARA ALEMANHA. Disponível em: https://dw.com/pt-br/estatal-russa-reduz-em-40-envio-de-g%C3%A1s-para-alemanha/a-62134704. Acesso em: 26 nov. 2024.

GUERRA DO YOM KIPPUR: CONFRONTO TEVE CONSEQUÊNCIAS PROFUNDAS NA POLÍTICA ISRAELENSE. Disponível em: https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2023/10/07/guerra-do-yom-kippur-confronto-teve-consequencias-profundas-na-politica-israelense.ghtml. Acesso em: 27 nov. 2024.

O QUE FOI A CONFERÊNCIA DE BRETTON WOODS?. Disponível em: https://www.politize.com.br/conferencia-de-bretton-woods/. Acesso em: 22 nov. 2024.

PADRÃO DÓLAR-OURO. Disponível em: https://www.infoescola.com/economia/padrao-dolar-ouro/#google_vignette. Acesso em: 23 nov. 2024.

PETRODÓLAR. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/geografia/petrodolar.htm#:~:text=A%20palavra%20petrod%C3%B3lar%20foi%20criada,%2C%20Ibrahim%20Oweiss%2C%20em%201973. Acesso em: 24 nov. 2024.

QUAL É A ORIGEM DO PETRÓLEO? (SPOILER: NÃO VEM DOS DINOSSAUROS). Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/articles/cnk0e0yydelo. Acesso em: 25 nov. 2024.

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7 PONTOS PARA ENTENDER ENERGIA NUCLEAR E OS DESAFIOS PARA SUBSTITUIR PETRÓLEO. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-61261074. Acesso em: 22 nov. 2024.

O ACIDENTE DA PLATAFORMA DE PETRÓLEO DEEPWATER HORIZON APÓS 12 ANOS: ANÁLISE COM FOCO NA DIMENSÃO COLETIVA DO TRABALHO E NOS FATORES ORGANIZACIONAIS. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csp/a/rnfrxmgLSkCNdnzH5fn4cLs/. Acesso em: 23 nov. 2024.

A GEOPOLÍTICA DO PETRÓLEO: AS AMEAÇAS AO MEIO AMBIENTE E SEUS REFLEXOS PARA A MARINHA DO BRASIL. Disponível em: https://www.marinha.mil.br/egn/sites/www.marinha.mil.br.egn/files/024%20CPEM2021_TESEFINAL_CMG%20FN%20ANDERSON%20JESUS.pdf. Acesso em: 24 nov. 2024.

POZO IXTOC-I, EL MAYOR DERRAME DE PETRÓLEO EN EL MAR OCURRIDO EN MÉXICO. Disponível em: https://www.gob.mx/cenapred/articulos/pozo-ixtoc-i-el-mayor-derrame-de-petroleo-en-el-mar-ocurrido-en-mexico. Acesso em: 25 nov. 2024.

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